quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Qualquer dia


Como um dia qualquer
Na vida de muitos
Mas para você será ímpar
Nunca mais se repetirá
Cortina do tempo cerrada

Os amigos vão tomar cerveja
Comer quitutes
Contar piadas e falar de futebol
Uma palavra ao acaso
Dita entre risos ou falatórios
Fará lembrar de seu
O que só lembrança poderá ser
E uma imagem de seu ocaso
Ressurgirá embaçada

Como um dia qualquer
Na vida de muitos
Mas para seus amigos não haverá par
Nunca mais se descortinará
Serão como os antigos soldados romanos
Caídos nos campos de guerra
Como os velhos piratas bêbados
Que mourejavam nos lupanares de idos séculos
Como cantigas de lavadeiras entoadas ao vento
Perdidas como se nunca existido tivessem

E você
Que desde a partida solitária
Passou a morar em pensamentos de cabeça de outros
Que se tornara cinzentas centelhas eletroquímicas
(Aquele álbum de fotografia fez chorar gentes
E pode ter sido real
Tal qual você algum dia fora)
Não resistirá à borracha de Titã
Impiedoso menino que só quer brincar
E não faz memória do que cria

Elio Oliveira Cunha